Protestos anti-Israel explodiram no Oriente Médio e no Norte de África na noite de terça-feira (17), enquanto os líderes de países árabes condenam Israel por uma explosão mortal em um hospital no centro da Cidade de Gaza que matou mais de 400 pessoas.
As autoridades palestinas culparam Israel pelo bombardeio no Hospital Batista Al-Ahli na noite de terça. No entanto, as Forças de Defesa de Israel negam a alegação, e acusaram o grupo radical Jihad Islâmica Palestina de realizar um “lançamento fracassado” que acabou atingindo o hospital.
A Jihad Islâmica nega a responsabilidade pelo bombardeio e classifica as acusações israelenses como “falsas e infundadas” em comunicado. Vários países árabes, incluindo a Arábia Saudita, a Jordânia, o Egito, os Emirados Árabes Unidos e o Iraque, emitiram declarações condenando Israel e acusando os militares israelenses pelo bombardeio.
Milhares de manifestantes gritando bordões anti-Israel se reuniram no Líbano, Iraque, Jordânia, Kuwait, Egito e Tunísia. Protestos também foram registrados na cidade ocupada de Ramallah, na Cisjordânia. A explosão no hospital alimentou a fúria em toda a região pelo derramamento de sangue em Gaza, um enclave costeiro onde vivem 2,2 milhões de pessoas e que está sob cerco de Israel há mais de uma semana, em retaliação a um ataque terrorista do grupo radical islâmico Hamas contra Israel em 7 de outubro.
Na noite de terça-feira, centenas de manifestantes reuniram-se perto da embaixada israelense em Amã, na Jordânia. As forças de segurança jordanianas usaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, segundo dois ativistas e vídeos postados nas redes sociais. No Líbano, centenas de manifestantes se reuniram na praça que dá acesso à embaixada dos EUA a norte de Beirute na terça-feira e tentaram romper as barreiras de segurança.
Os manifestantes também protestaram contra Israel em Bagdá, no Iraque. Autoridades de segurança em Bagdá, que dezenas de manifestantes tentaram atravessar uma ponte que leva à Zona Verde – uma área que abriga escritórios do governo iraquiano e várias embaixadas, incluindo a embaixada dos EUA – mas as forças de segurança os impediram.
No Irã, também ocorreram manifestações em frente às embaixadas francesa e britânica em Teerã, a capital do país. Os manifestantes gritavam “morte à França, à Inglaterra, à América e aos sionistas”, de acordo com um vídeo publicado pelo RNA, portal estatal iraniano, na manhã desta quarta-feira. Os protestos também ocorreram em outras cidades, incluindo Esfahan e Qom.
Centenas de pessoas manifestaram-se em diversas áreas de Túnis, na Tunísia, informou a agência de notícias estatal TAP. A TAP disse que “protestos em massa foram realizados na noite de terça-feira”, em diversas áreas “em solidariedade com o povo palestino” e contra o bombardeamento israelense de Gaza.
Em Istambul, as forças de segurança turcas usaram jatos de água e spray de pimenta para dispersar os manifestantes que conseguiram forçar a entrada num complexo onde está localizado o consulado israelita. Na terça-feira, o presidente turco, Tayyip Erdogan, apelou a “toda a humanidade para que tome medidas para pôr fim a esta brutalidade sem precedentes em Gaza”, numa publicação no X, antigo Twitter.
E acrescentou que o ataque ao hospital foi “o exemplo mais recente dos ataques de Israel desprovidos dos valores humanos mais básicos”. A explosão resultou no cancelamento de um encontro na Jordânia, marcado para esta quarta-feira, entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e os líderes da Jordânia, do Egito e da Autoridade Palestina, um órgão governamental com autonomia limitada na Cisjordânia.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, publicou no X: “Quantos palestinos inocentes devem morrer antes que Israel pare a sua guerra em Gaza?” Safadi apelou à paz e disse que o direito internacional “não pode ser seletivo” e que “o mundo deve falar claramente e agir prontamente contra esta guerra”.
Embora as Forças de Defesa de Israel tenham afirmado que não têm como alvo hospitais, a ONU e os Médicos Sem Fronteiras afirmam que os ataques aéreos israelenses atingiram instalações médicas, incluindo hospitais e ambulâncias. Os hospitais já enfrentavam dificuldades para atender os feridos em todo o território, operando com escassez de eletricidade e água, por conta do “cerco total” imposto por Israel ao enclave palestino.
A Diocese Episcopal de Jerusalém, que supervisiona e financia o Hospital Batista Al Ahli, condenou a explosão, de acordo com um comunicado da igreja divulgado na terça-feira. “Gaza continua desprovida de refúgios seguros”, disse a diocese, classificando a explosão como um crime contra a humanidade. “Os hospitais, segundo os princípios do direito humanitário internacional, são santuários, mas este ataque transgrediu esses limites sagrados.”