O papa Francisco disse, na última sexta-feira (22), que imigrantes que correm o risco de afogamento no mar “precisam ser resgatados”, porque fazer isso é um “dever da humanidade” e aqueles que estão impedindo os resgates cometem “um gesto de ódio”.
Francisco, que tem 86 anos, deu a declaração em um serviço inter-religioso diante de um monumento dedicado aos que morreram no mar. Mais cedo, o arcebispo da cidade, o cardeal Jean Marc Aveline, um francês nascido na Argélia, criticou políticos que impedem ONGs e seus navios de resgatarem pessoas se afogando.
“Não podemos nos resignar a ver humanos sendo tratados como fichas de barganha, presos e torturados de maneiras atrozes”, disse Francisco. “Não podemos mais ver o drama dos naufrágios, causados pelo tráfico cruel e pelo fanatismo da indiferença.”
O papa declarou ainda: “As pessoas que correm o risco de afogamento quando abandonadas nas ondas precisam ser resgatadas. É um dever da humanidade; é um dever da civilização”.
Algumas ONGs reclamaram que os governos impediram alguns dos seus navios de deixarem portos no Mediterrâneo por razões que, segundo os grupos, são injustificáveis. Alguns também reclamaram que seus navios foram forçados a atracar em portos longe das áreas onde os barcos de imigrantes são geralmente encontrados.
Aveline citou que “instituições políticas” cometem um “crime tão grave” quanto os que foram cometidos pelos traficantes de pessoas ao bloquearem equipes de resgate. Momentos depois, Francisco saiu do roteiro para agradecer os grupos que resgatam imigrantes.
“Muitas vezes eles o impedem de sair porque, segundo eles, falta algo ao barco, falta isso, falta aquilo. Esses são gestos de ódio contra irmãos”, disse. “Obrigado por tudo que vocês fazem.”
Nem o papa e nem Aveline nomearam governos do Mediterrâneo durante o evento no porto, que teve ecos da primeira visita de Francisco como papa, em 2013 na ilha de Lampedusa, onde fez homenagem a imigrantes que morreram no mar e condenou “a globalização da indiferença”.