Raquel Lyra compara mudanças na política a mexer em placas tectônicas

A governadora apresenta Estado como violenta e ressalta o Juntos pela Segurança.

Publicado em 31 de agosto de 2023 às 19h53m

Por Gazeta PE


Um dia depois de ter sofrido a quinta baixa em oito meses de gestão - na quarta-feira (30/08) a então secretária de Defesa Social, Carla Patrícia Cunha, entregou o cargo -  a governadora Raquel Lyra (PSDB) fez um pequeno balanço, traçando um breve panorama da segurança no Estado e resssaltando o Juntos pela Segurança, programa que substitui o Pacto pela Vida e que foi lançado há um mês. Comparou o fazer mudanças a mexer em placas tectônicas. Pediu empatia e solidariedade.

E se emocionou em pelo menos dois momentos do discurso que durou pouco mais de cinco minutos, durante o Fórum Conexão IFPE - Direitos Humanos e Igualdade. O encontro aconteceu no auditório do Centro Cultural Cais do Sertão, no Bairro do Recife, e teve a presença do ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, com quem a governadora se reuniu antes por uma hora e meia, no Palácio do Campo das Princesas. Raquel Lyra apresentou Pernambuco como o estado mais violento do Brasil, a Região Metropolitana como sendo a que tem o maior número de pessoas em alta situação de vulnerabilidade do país.

Apontou 2 milhões de pessoas sem acesso a água e enfrentando o pior racionamento do país. Mesmo sem citar números, ressaltou que o Estado registra o maior número de homicídios e de crimes contra mulheres, o feminicídio. Mudar a estrutura política não é fácil. Eu comparo sempre ao mexer nas placas tectônicas. Mudar de verdade precisa movimentar as placas tectônicas, precisa escancarar os problemas e colocar luz sobre eles para que a gente possa começar a criar estratégias para resolvê-los. É assim com o sistema penitenciário", pontuou a governadora. Ela registrou que por muito tempo se achou melhor nem falar sobre a situação dos presídios.

"A gente vai criar uma Secretaria do Sistema Penitenciário para colocar mais luzes sobre o problema, porque eu não vou conseguir resolver sozinha. A gente precisa da parceria dos municípios do governo federal, da sociedade civil organizada. A gente vai conseguir fazer mais e melhor, mas para mudar de verdade, a gente precisa das mãos", enfatizou. A governadora observou que para errar menos no processo de mudança precisar ouvir as pessoas. E informou que estará em Petrolina, município do Sertão do São Francisco. na sexta-feira (1º/0) para iniciar as escutas para o Plano Plurianual (PPA). O governo também disponibilizou um site - ouvirparamudar.pe.gov.br - para que as pessoas deixem suas sugestões.

 O governo federal já fez o seu movimento. A gente está fazendo aqui em Pernambuco. Também estamos fazendo o mesmo com Juntos pela Segurança. Só pelo site mais de 5.000 pessoas já expressaram sua opinião sobre como fazer de Pernambuco um estado mais seguro. Primeira mulher a assumir o Governo de Pernambuco, Raquel Lyra registro não é fácil ser mulher nem muito menos ocupar o espaço que está ocupando. "Todo mundo sabe aqui que eu sofri uma grande tragédia na minha família, na minha vida (disse, referindo-se à morte súbita do marido, no dia do primeiro turno das eleições ao Governo, no ano passado)". Emocionou-se. Parou. Respirou e continuou sua narração.

A governadora sublinhou ter recebido a missão de assumir o Executivo porque o povo acreditou na sua capacidade de realizar mudanças. "Eu posso até desviar um pouco do caminho para poder ultrapassar um obstáculo, mas eu não perco o foco. Aí dizem para mim: Raquel, você está demorando, é ineficiente, não sabe fazer política. Se eu faço, dizem que estou fazendo errado", desabafou. Emocionando-se mais uma vez, embargando a fala e marejando, Raquel Lyra lamentou que muita gente use parte de sua história para falar mal dela. "E tem gente que usa um pouco da minha história para para tentar falar mal de mim. Na maior perda que eu tive na minha vida. Tem gente que tem coragem de dizer assim 'lá vai essa viúva de novo'." Parou. E foi aplaudida.

 

Fonte: FOLHA PE

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