Tripulação de navio que colidiu com ponte nos EUA está presa há mais de um mês na embarcação

Marinheiros lamentam mortes, tiveram celulares confiscados pelo FBI e vivenciaram uma série de explosões controladas para quebrar peça da ponte presa na proa

Publicado em 19 de maio de 2024 às 15h30m

Por Gazeta PE News


Mais de um mês após o navio cargueiro Dali colidir com uma ponte em Baltimore, nos Estados Unidos, os 21 tripulantes – 20 indianos e um cingalês – permanecem confinados. Em 26 de março, a embarcação de 300 metros de comprimento perdeu energia, desviou da rota e colidiu com a ponte Francis Scott Key, acidente que deixou seis trabalhadores da construção civil mortos.

Desde então, os marinheiros a bordo lamentam as mortes, tiveram seus celulares confiscados pelo FBI, órgão federal de investigação americana, e vivenciaram uma série de explosões controladas para quebrar uma peça da ponte presa na proa do navio. Gwee Guo Duan, secretário-geral adjunto do Sindicato dos Oficiais Marítimos de Cingapura, disse à CNN que tem sido “difícil” para a tripulação, especialmente porque eles sabem que houve perda de vidas e precisam “olhar para o local do acidente todos os dias”.

Ainda assim, pode levar semanas e até meses para que eles possam sair do navio. Os motivos para essas complicações incluem os vistos americanos, que expiraram enquanto eles estavam presos, e as investigações do FBI, que ainda estão em andamento. Em 15 de abril, eles tiveram os celulares apreendidos pelos agentes – e, embora já tenham recebido novos aparelhos, o FBI só devolveu alguns dos chips dos marinheiros.

Segundo o sindicato de Cingapura, que representa os oficiais do navio, e a Organização dos Oficiais Marítimos de Cingapura, que representa os demais membros a bordo, quando os tripulantes ficaram sem telefone, e portanto sem forma de comunicação com suas famílias, “uma onda de ansiedade permeou o navio”. Embora os investigadores não tenham culpado nenhum indivíduo pelas falhas de energia que levaram ao acidente, os marinheiros sentiram um “medo infundado de responsabilidade criminal pessoal”, disseram os dois órgãos.

“Por mais que a investigação demore, os direitos e o bem-estar da tripulação não devem ser infringidos durante o seu curso”, disse Dave Heindel, presidente do Sindicato Internacional dos Marinheiros, num comunicado. “Apelamos às autoridades para que estejam cientes de que os marinheiros utilizam dispositivos móveis para realizar negócios pessoais, como pagamentos de contas e, mais importante, transferir dinheiro para seu país de origem para sustentar suas famílias”, continuou. “Os membros da tripulação estão sendo desmoralizados sem as ferramentas básicas que todos nós consideramos garantidas.”

Don Marcus, presidente da Organização Internacional de Mestres, Companheiros e Pilotos, disse em comunicado no último fim de semana que “a detenção prolongada dos marinheiros do MV Dali a bordo de seu navio, e a falha das autoridades em devolver seus dispositivos de comunicação pessoal são injustas”. “Nossos corações estão com o Comandante, Oficiais e Tripulação do M/V Dali, que não apenas sofreram uma experiência trágica, que resultou na perda de seis vidas, mas que continuam isolados de seus entes queridos.”

 

Fonte: FOLHA PE
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